Informe da Conferência Vozes Femininas no Terceiro Espaço: Pesquisando Igualdade, Diversidade e Inclusão na Aprendizagem Online Colaborativa Internacional Sul-Norte (COIL)
Foi realizada segunda-feira, dia 18/03, a primeira divulgação da conferência internacional fundada pela Academia Britânica/Leverhulme o projeto Vozes Femininas no Terceiro Espaço: Pesquisando Igualdade, Diversidade e Inclusão na Aprendizagem Online Colaborativa Internacional Sul-Norte (COIL) realizado no Centro de Conferências de Coventry (Edifício de simulação) e apresentado em modo híbrido. Setenta participantes de todo o mundo (do Brasil, África do Sul, China, Vietnã, Holanda, Bélgica, Itália, Espanha, Suíça, Índia, Chipre, Nigéria, Turquia, Paquistão, Polônia, Taiwan e Reino Unido) compareceram pessoalmente ou on-line. Especialistas em COIL de vários assuntos diferentes, incluindo estudantes, acadêmicos, consultores de COIL e desenvolvedores acadêmicos, participaram da conferência. Muitos participantes foram a Coventry para também participar de workshops na terça-feira, dia 19/03, e na quarta-feira, dia 20/03, para o bem-sucedido projeto COIL financiado pelo Erasmus+: iKUDU.
A conferência começou com as boas-vindas a Coventry e à Coventry University pela organizadora, a Professora Marina Orsini-Jones, do Centro de Pesquisa para Aprendizagem Global (GLEA), seguida de uma atualização sobre o progresso do projeto Vozes Femininas no Terceiro Espaço pela equipe do projeto (Profª Finardi, da Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil; Profª Jacobs da Universidade do Estado Livre na África do Sul; Profª Wimpenny; e Profª Orsini-Jones da Coventry University).
Elas ilustraram o estudo que tem como objetivo pesquisar o campo em evolução do Collaborative Online International Learning (COIL) no Ensino Superior (ES) por meio de um projeto de pesquisa Sul-Norte Global, com foco nas vozes femininas. O COIL é definido como uma abordagem colaborativa de ensino e aprendizagem on-line com parceiros internacionais que promove o diálogo intercultural. A palestra discutiu um modelo de COIL Sul-Norte previamente co-projetado pelas candidatas (Wimpenny, Finardi, Orsini-Jones & Jacobs, 2022) com base em dados gerados por meio de entrevistas com participantes do sexo feminino em instituições de ensino superior em quatro continentes diferentes. A pesquisa tem como objetivo aprofundar a compreensão da inclusão digital e da igualdade no ensino superior. Ela investiga o COIL como um Terceiro Espaço que promove a igualdade substantiva e apoia a integração de atributos de cidadania global nos currículos de ensino superior. Em especial, busca descentralizar a conceituação de "Internacionalização do Currículo (IoC)" e abrir formas "diferentes" de conhecer, ser e se relacionar por meio de uma lente decolonial que se baseia no conhecimento produzido por mulheres.
Foto 1: O time do projeto Vozes Femininas no Terceiro Espaço: Da esquerda para direita, Jenny Wells, Kyria Finardi, Marina Orsini-Jones, Lynette Jacobs and Katherine Wimpenny (na frente)
A primeira palestra da equipe do projeto foi seguida por reflexões de ex-alunas da Coventry University sobre sua experiência no COIL em termos de um espaço de aprendizado igualitário, diverso e inclusivo para as mulheres. Preeti Suri (da Índia), Patience Mkpayah (da Nigéria), Sofia di Sarno García (com dupla nacionalidade, Itália e Espanha) e Guray Koseaglu (do norte do Chipre) eram todas estudantes com formação em linguística aplicada que haviam participado de projetos do COIL vinculados ao Mestrado em Ensino de Língua Inglesa e Linguística Aplicada da Coventry University. Todas elas forneceram percepções ponderadas sobre o impacto poderoso que o COIL teve em sua experiência de aprendizado acadêmico e em sua prática profissional e/ou acadêmica atual.
Preeti Suri afirmou que o envolvimento com o COIL fez com que ela se sentisse valorizada e que sua voz fosse ouvida nesse Terceiro Espaço que ultrapassa fronteiras geográficas e culturais, expande o conhecimento a partir de diversas perspectivas e promove a alfabetização digital, a comunicação e o trabalho em equipe. "O COIL", ela acrescentou, "pode, no entanto, ser um desafio para alguns alunos e medidas podem ser tomadas para ajudar nesse sentido, como sessões de 'degustação' antes do início do projeto e quebra-gelos". Guray Koseaglu enfatizou a inclusão, a igualdade, a acessibilidade e a mutualidade do espaço COIL, acrescentando também que pode trazer entusiasmo para o aprendizado. Ela afirmou ter valorizado sua experiência como mediadora eletrônica em salas de discussão, pois isso lhe ensinou valiosas habilidades de ensino de negociação. Ela também disse, como Preeti antes dela, que sentiu que sua voz foi ouvida e sentiu que era importante. Patience Mkpayah mencionou sua dolorosa experiência de ter sido rejeitada para um emprego de professora de inglês na Nigéria por não falar o "inglês de rei" e destacou o fato de que a discussão sobre como o inglês deveria ser ensinado e usado por meio de um projeto COIL com outros alunos internacionais validou sua opinião de que o ensino da língua inglesa deveria ser visto por meio de uma perspectiva descolonizada e que variedades de inglês, como a nigeriana, deveriam ser aceitas e respeitadas. Sofia di Sarno García, que agora se tornou professora e está implementando o COIL, mencionou alguns dos desafios que podem ser encontrados ao se envolver com esse Terceiro Espaço, como problemas de conectividade, diferença de f horário e o desconforto inicial de se encontrar em um espaço de aprendizagem que não é familiar, e sugeriu maneiras de gerenciar as expectativas e o possível desconforto dos alunos por meio da preparação pedagógica e da mediação antes do início do projeto. Apesar dos desafios mencionados, essas palestras validaram o argumento de que o COIL pode ser um espaço de aprendizagem empoderador e inclusivo para alunas (e funcionários) do ensino superior.
Após o intervalo para o almoço, as acadêmicas que usaram o COIL em sua prática compartilharam suas reflexões sobre suas experiências. A Drª Valeria Baloyi, da Universidade de Venda, na África do Sul, relatou a perspectiva transcultural sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental dos alunos e enfatizou a importância de realizar projetos COIL interdisciplinares integrados ao currículo e alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, destacando também a importância de treinar a equipe na teoria e na prática do COIL e de obter a adesão institucional. Nomfundo Khoza, da Universidade Central de Tecnologia da África do Sul, relatou sua experiência com o COIL e suas reflexões sobre os dois projetos do COIL dos quais participou e concluiu que "o Terceiro Espaço do COIL-VE oferece um modelo atraente para enriquecer as experiências educacionais por meio da colaboração virtual e do envolvimento intercultural". A Srª Ané Church, da University of the Free State, África do Sul, discutiu o aprimoramento do desenvolvimento de habilidades por meio da COIL e relatou a integração positiva da gamificação em seus projetos COIL relacionados ao tópico "Auditoria e governança corporativa: Aceitação do cliente e avaliação de riscos". Os alunos co-construíram o conhecimento do assunto de forma inovadora por meio da aprendizagem ativa e das encenações no COIL. Em seguida, a Drª Asuman Aşık, da Gazi University, da Turquia, apresentou sua palestra: Reflections from female academics with VE/COIL experiences from Türkiye (Reflexões de acadêmicas com experiências VE/COIL da Turquia) e resumiu o valor agregado oferecido pelo COIL às participantes do sexo feminino, que incluiu maior sensibilidade intercultural, sentimento de segurança e mais confiança com sua variedade de inglês e oportunidades inovadoras de desenvolvimento profissional para professores de inglês (novatos e experientes). A Profª Andrea Wehrli, da Universidade de Ciências Aplicadas de Berna, na Suíça, concluiu essa sessão com a palestra Learning with and from the Global South - Intercultural reflections on a multilingual Brazilian-Swiss COIL from a Swiss perspective (Aprendendo com e do Sul Global - Reflexões interculturais sobre um COIL multilíngue brasileiro-suíço a partir de uma perspectiva suíça) , argumentando que o COIL Sul-Norte ajuda os participantes a reconhecer a diversidade, aprender a se tornar mais inclusivos e a construir a cidadania global "de outra forma".
A sessão "Vozes da equipe feminina" foi seguida por um workshop interativo de compartilhamento de conhecimento conduzido por dois especialistas e consultores do COIL: Eva Haug (Universidade de Ciências Aplicadas, Holanda) e Profª Ntsoaki Malebo (Universidade Central de Tecnologia, África do Sul), que convidaram os participantes a: 1. Refletir sobre os "altos" e "baixos" de suas experiências com o COIL; 2. Discutir o impacto do COIL em sua prática/em seus alunos; 3. Discutir recomendações para as melhores práticas na COIL-VE do Sul-Norte; 4. Escrever no mural do Padlet e fazer um relatório. Essa atividade gerou um debate saudável na região Sul-Norte sobre a integração da COIL no currículo e seu impacto na experiência de aprendizagem de funcionárias e alunas. Também trouxe à tona o impacto positivo que o COIL pode ter no desenvolvimento de habilidades transversais, ao mesmo tempo em que listou os desafios que podem ser encontrados, como problemas de tecnologia, carga de trabalho dos professores e falta de apoio institucional. O amplo planejamento conjunto, a co-pilotagem, o reconhecimento institucional, a infraestrutura técnica robusta e a mediação eficaz para as tarefas da sala de descanso surgiram como algumas das recomendações para uma boa prática do COIL. O workshop foi seguido por comentários finais e os participantes da conferência se reuniram mais tarde no The Artisan Pub and Grill, em Coventry, para o jantar da conferência, onde também se juntaram ao vice-reitor adjunto de currículo, Dr. Andrew Turner, que apoia a integração do COIL ao currículo e afirmou que: "O COIL é muito importante para apoiar nossa abordagem ativa, social e inclusiva aplicada ao currículo. Ele permite a formação de comunidades [...] permite que os alunos colaborem com outros alunos de todo o mundo e explorem problemas com diferentes perspectivas. Permite que os alunos desenvolvam suas capacidades interculturais, suas habilidades comunicativas e se encaixem em nossos cinco atributos de pós-graduação que incorporamos em todo o nosso currículo [...] Amplia os horizontes.
O feedback sobre a conferência, coletado por meio de um formulário anônimo da Microsoft, foi muito positivo. Estas são as respostas à pergunta "3 principais coisas que fizemos bem":
"Os tópicos foram muito interessantes e os palestrantes foram muito informativos. Muito obrigado!"
"Foi uma abertura de mentalidade, um espaço aberto para todas as vozes, a configuração do programa e a profundidade do programa."
'Esse evento foi incrível! Eu realmente gostei dele, de sua paixão, motivação e conhecimento. As pessoas que participaram também foram realmente adoráveis. Vocês foram anfitriões incríveis!"
"Comunicação interativa e inclusiva, tópicos interessantes dos palestrantes."
"O espaço para feedback/entrada de alunos/participantes; as salas de descanso com tarefas bem definidas; a programação da conferência, bem organizada, direta, muito produtiva."
"A atmosfera amigável; os debates intelectuais no COIL; o controle do tempo; a rede de contatos."
As palestras e discussões da conferência contribuirão para a Academia Britânica/Leverhulme Vozes Femininas no Terceiro Espaço: Pesquisando Igualdade, Diversidade e Inclusão na Aprendizagem Online Colaborativa Internacional Sul-Norte (COIL) e para a construção de um estudo de caso de impacto da GLEA sobre o COIL para o próximo envio da Research Excellence Framework em 2029. Espera-se também que a conferência gere mais colaboração sobre a teorização e a prática do COIL entre os participantes e mais fertilização cruzada das ideias do COIL entre o projeto Vozes Femininas no Terceiro Espaço e o projeto iKUDU . A equipe de pesquisa do Vozes Femininas no Terceiro Espaço também gostaria de agradecer calorosamente ao pessoal da Equipe de Excelência e Impacto em Pesquisa por fornecer apoio financeiro para a alimentação dessa conferência internacional com a alocação de um "Fundo de Resposta Rápida Ano 1 (2023 a 2024), Coventry University ESRC Impact Acceleration Account (IAA)".
Para aqueles que não puderam participar, as palestras estarão disponíveis no site da conferência nas próximas semanas.
Para obter mais informações sobre este projeto e/ou conferência, entre em contato com Marina Orsini-Jones (m.orsini [at] coventry.ac.uk).
